quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

PALAVRAS AO BENTO

SINOPSE: o pronunciamento do Geraldo "Merendinha" Alkimin sobre a morte D. EVARISTO ARNS é de arrepiar, pois normalmente a gente eleva as QUALIDADES do falecido: "Ele era um grande evangelizador com a voz pausada e clara, com sua mensagem e o testemunho de vida na DEFESA DOS DIREITOS DA PESSOAS HUMANA CONTRA AS INJUSTIÇAS. Fez história. É com grande carinho que queremos trazer nossa homenagem, nossos sentimentos e as nossas ORAÇÕES. Dom Paulo também teve um papel importante na REDEMOCRATIZAÇÃO do Brasil, conclamando a população para que trouxesse a sua efetiva participação". Uma espécie tensão nisso consiste, porque as citadas "qualidades", para além da homenagem, deveriam servir de exemplo para quem as enaltece. Daí, não menos aterrador é o famigerado Michel "Intruso" Temer: "Dom Paulo foi um DEFENSOR DA LIBERDADE e sempre teve como norte a construção de uma SOCIEDADE JUSTA E IGUALITÁRIA. O Brasil perde um DEFENSOR DA DEMOCRACIA e ganha para sempre mais um personagem que deixa LIÇÕES para serem lembradas eternamente". Vide a cartilha fascistoide: "lembradas" para que não caiamos em tentação comunista (GRITOS MEUS).

domingo, 21 de agosto de 2016

da série: PEDRO ALVES

A pieguice é madrinha de toda violência doméstica. Como moeda gasta, quando o lado mais afetado nota que aquela tem mais de dominação que de amor, o "soberano" parte para a agressão. E convenhamos: não pode haver soberania sobre pessoas, como se essas fossem territórios. Aliás, o termo "conquista" já se trata de um equívoco, imperialista, pois o outro passa a ser colonizado: puro extrativismo. Assim sendo, reconquistar é recorrer em prática abusiva, cotidianamente. Fiquemos aqui com a vocaNção dos nossos Doces Bárbaros: "o seu amor, ame-o e deixe-o livre para amar".

sexta-feira, 24 de junho de 2016

DIA INTERNACIONAL DA MULÉ

"[...] A prostituta e a esposa são elementos complementares da autoalienação da mulher no mundo PATRIARCAL: a esposa deixa transparecer prazer com a ordem fixa da vida e da propriedade; enquanto a prostituta toma o que os direitos de posse da esposa deixam livre e, como sua secreta aliada, de novo o submete às relações de posse, vendendo o prazer. Circe e Calipso, as cortesãs, são apresentadas como diligentes teceloas, exatamente como as potências míticas do destino e as donas-de-casa; ao passo que Penélope, desconfiada como uma prostituta, examina o retornado [Ulisses], perguntando-se se não é realmente apenas um MENDIGO VELHO ou quem sabe um DEUS em busca de aventuras [...]" (Ulisses ou o miNto do EsclareCIMENTO. ADORNO; HORKHEIMER, 1985, p. 53-80, GRITOS MEUS).

quinta-feira, 16 de junho de 2016

CARTA ABERTA AOS ........................

Embora seja o prognóstico de um ATEÍSTA, acredito haver aqui alguma coisa em comum a outros segmentos da sociedade: NÃO HÁ NADA QUE UMA CRIANÇA FAÇA QUE ALGUM ADULTO JÁ NÃO TENHA FEITO PIOR. Por isso tanto ceticismo, principalmente quanto à EDUCAÇÃO, e nisso está o fato de quase sempre aquela ver a ESCOLA como um lugar para ser subtraída sua tão elencada alegria e, quando crescida, ficando a dar mais credibilidade àqueles e àquilo que lhe são realmente nocivos, rendendo louvores ao altar do niilismo. Tal acontecimento também proporciona ao COMPROMETIDO PROFESSOR uma medonha sensação de impotência. Agora então, com tantos retrocessos na área dos DIREITOS HUMANOS, tal SENSAÇÃO só aumentará. CONTUDO, não A perpetue como uma cruz a ser carregada como mérito, pois o afamado sacrifício se tornará insuportável e premiará ainda com mais intensidade os indiferentes e os propriamente algozes. Antes de naturalizar a dor como sendo o mais adequado, senão, o único modo de aprendizado e VIDA, algo muito peculiar ao FASCISMO, procure com urgência outras possibilidades de levar à frente algum SENSO DE COERÊNCIA (DaGazuleia, MMXVI, D.T.: GRITOS MEUS).

sábado, 14 de maio de 2016

da série: NEUTRALIDADES NA EDUCAÇÃO

Mesmo com todo o GRAMATIQUÊS, livre-se desta: ao se deparar com a FORMA PRIMITIVA de determinado SUBSTANTIVO como sendo a masculina, indagou-me certa aluna sobre o fato de a tal não ser na feminina. Pensei, até quando poderei responder isso, enfim: "pois é, filha, DEUS já foi MÃE por infindas partes do mundo e por um tempo para lá de indeterminado, mas quando definitivamente efetivaram nossa GRAMÁTICA ele já era PAI, absoluto, e o diabo, o "má-drasto"! (Pedro D.T., MMXVI D.c.: GRITOS MEUS)

quinta-feira, 5 de maio de 2016

SISUdos, ao SISO

Certa feita, numa banca de redação para vestibular, deparei-me com determinada temática que era a de convencer um Brasil ignorante da geografia nacional sobre “o capixaba não se tratar de um baiano que ficou com preguiça de chegar ao Rio de Janeiro". Para tanto, alguém escrevera mais ou menos assim: "Você precisa conhecer melhor o Espírito Santo: ao norte temos a Bahia; oeste, Minas; sul, o Rio e, a leste, somos banhados pelo magnífico Oceano Atlântico".
Pode se estranhar, de cara, o fato de que o então candidato não conseguir dar um semblante a sua cultura, vivendo assim à mercê de perímetros. No entanto, qual identidade o hipotético jovem poderia demonstrar se o que era considerado de mais notório por aqui, além de um velho convento, se tratava de uma usina e um porto construídos em plena capital a lhe rifarem gradativamente as praias vistas do alto daquele monastério.
Mesmo que fosse ele voltado a bucolismos, suas remanescentes matas só com muito esforço entram na foto (e basicamente na região serrana), perdendo com cada vez mais frequência o foco para pastos e monoculturas, o que ainda compromete demasiadamente suas nascentes, por conseguinte: córregos, riachos, rios e cachoeiras. Recursos hídricos, cada vez mais escassos.
Digo isso para trazer a seguinte questão: Antes do SISU, o que fazia a Universidade Federal que se localiza no estado do Espírito Santo para reforçar a identidade do povo local a respeito de sua memória? Salvando as parcerias isoladas com Biblioteca Pública do E.S., o Instituto Histórico e Geográfico do E.S., a Fundação Ceciliano Abel de Almeida e, por fim, pela própria Edufes, sua estória demonstra que estava ela formando em seus Centros Acadêmicos (C.A.'s) e no Diretório Central dos Estudantes (D.C.E.) aqueles que hoje são a nata da política, dos empresários e dos profissionais liberais capixabas que, em percentual e situação considerados, continua alimentando o mesmo conceito de desenvolvimento: o de extrativismo desenfreado, tendo como pano de fundo uma sustentabilidade marketeira.
Na parte que me cabe deste latifúndio, preocupa-me o SISU, sim, naquilo que afeta a sobrevida da literatura feita no Espírito Santo, como um patrimônio cultural de suma importância para consolidar nossa história e se pensar nela por uma vertente mais crítica. Com uma divulgação bastante centralizada em escassos concursos (Secult e Edufes) e sem uma maior política de fomento e distribuição, é sabido que ela quase que exclusivamente avultava leitores por via dos vestibulandos locais. Em todo o caso, há quem defenda que determinada produção não deva permanecer refém de tal mercado, mas então "precisamos conversar sobre Kevin", porque a literatura tida como consagrada também se tornará refém do SISU (ENEM), pois o tal não comportará nem o extenso cânone nem a produção atual nem a relevância do que está por vir.
Diante disso, profissionais ligados à formação e manutenção de leitores literários devem pensar a questão como um todo, o que certamente tomará muito tempo e que também inclui pensar que, antes mesmo do SISU, passado o momento da seleção universitária, a literatura foi sempre ficando relegada pela grande maioria dos pós-universitários como algo pueril, de circunstância ou não condizente aos desafios que o sistema nos impõe.
Agora, não bastando isso, vem o golpe de MISERICORJA com a tal da "neutralidade ideológica do ensino", isso sim é um problema, já que a literatura, principalmente a da segunda metade do século XX para cá, apresenta efetivamente como temática os grupos que permanecem à margem das profícuas políticas socioeconômicas e culturais. Além disso, trabalhar com alguma autonomia sempre foi fundamental para se lidar com as intempéries da Educação. Pela memória, essencial para alguma dignidade na existência, faz-se urgente uma oposição a tal retrocesso.
De qualquer maneira, o capixaba que exigir permanecer no bairrismo fronteiriço não poderá mais se valer daquele magnânimo oceano, há SEIS MESES atolado no grandioso mar de lama da SAMARCO.

terça-feira, 26 de abril de 2016

da série: COM PERSISTÊNCIA NA CATÁSTROFE

Em dezembro de 1939, THEODOR ADORNO, exilado na já antenada Nova Iorque escreveu aos também exilados pais, recém-chegados e de passagem por Havana: "A situação na Europa está muito confusa. Tudo é possível: também que se derrote o HITLERISMO... e há mais de uma coisa que aponte para isso. Parece de suma importância agora se pensar no que fazer... tudo pode depender da rapidez da ação. Já parou para pensar nisso? Então, voltaria você ou deveria ser eu? É provável que a situação se acentue na primavera, pessoalmente NÃO acredito que tenhamos uma GUERRA LONGA. A tática inglesa permite tirar tais conclusões a respeito da Alemanha" (Cartas a los Padres, 2006, p. 39, GRITOS MEUS). O próprio Adorno, no decorrer das correspondências e da vida, chegaria à conclusão de que a parcimoniosa tática dos países europeus diretamente ainda não afetados pelo totalitarismo era mais cumplicidade do que estratégia. Visto isso que, mesmo findando a Segunda Grande Guerra, regimes correspondentes foram disseminados por quase todo o planeta, a exemplo da Guerra-Fria, que nos deixa seus apologetas. À mercê de síntese, pelo fanatismo religioso que há em tal iniciativa o filósofo ainda frisaria em outras oportunidades: “[...] pode-se contar a benevolência das divindades pela magnitude das hecatombes [...]” (Educação e Emancipação, 1995, p. 57).