terça-feira, 26 de abril de 2016

da série: COM PERSISTÊNCIA NA CATÁSTROFE

Em dezembro de 1939, THEODOR ADORNO, exilado na já antenada Nova Iorque escreveu aos também exilados pais, recém-chegados e de passagem por Havana: "A situação na Europa está muito confusa. Tudo é possível: também que se derrote o HITLERISMO... e há mais de uma coisa que aponte para isso. Parece de suma importância agora se pensar no que fazer... tudo pode depender da rapidez da ação. Já parou para pensar nisso? Então, voltaria você ou deveria ser eu? É provável que a situação se acentue na primavera, pessoalmente NÃO acredito que tenhamos uma GUERRA LONGA. A tática inglesa permite tirar tais conclusões a respeito da Alemanha" (Cartas a los Padres, 2006, p. 39, GRITOS MEUS). O próprio Adorno, no decorrer das correspondências e da vida, chegaria à conclusão de que a parcimoniosa tática dos países europeus diretamente ainda não afetados pelo totalitarismo era mais cumplicidade do que estratégia. Visto isso que, mesmo findando a Segunda Grande Guerra, regimes correspondentes foram disseminados por quase todo o planeta, a exemplo da Guerra-Fria, que nos deixa seus apologetas. À mercê de síntese, pelo fanatismo religioso que há em tal iniciativa o filósofo ainda frisaria em outras oportunidades: “[...] pode-se contar a benevolência das divindades pela magnitude das hecatombes [...]” (Educação e Emancipação, 1995, p. 57).

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