segunda-feira, 7 de março de 2011

DE VOLTA AO CÁRCERE MEMÓRIA

Digo só pra vocês que, há mais ou menos 20 anos, entrava eu numa penitenciária pela primeira vez para nunca mais esquecer... Vou me explicar, acabara de me formar em Mecânica na Escola Técnica Federal do Espírito Santo (ETFES, hoje Ifes), mas como minhas notas de segundo grau não foram das melhores não se concretizou de cara o esperado estágio. Minha mãe, a grande causadora de tudo, falecera no início do processo e na sua ausência concretizou-se a esbórnia de uma vida inteira, pelo menos até aqui. Minha irmã, vendo aquela situação, usou de sua “influenza” e me conseguiu o primeiro trabalho de carteira assassinada no Instituto de Readaptação Social (IRS), naquela época ainda na Glória. Apesar do receio, estava na dureza e, além disso, poderia colocar meu marxismo de araque em defesa dos oprimidos. De cara fui rejeitado pelo diretor da cadeia, um Tenente-Coronel, que aos seus olhos, franzino, bem-educado e ingênuo: “Isso aqui não é lugar pra você não!”. No entanto, eu já havia assassinado contrato com a Secretária de Justiça, bati o pé e fiquei, mesmo contra a vontade dele. Descobri rapidamente que ali ninguém estava muito afim de construir uma sociedade mais justa, mas igualiotária. Também descobri que deveria tomar tanto cuidado com os detentos quanto com os detentores, o que não me foi suficiente... A grana bancava os pequenos vícios, seguia em frente então. No final de um ano, ainda não tinha passado por nenhuma rebelião, toda a truculência a que assisti viera da Casa de Detenção, onde ficavam os presos que aguardavam julgamentos (Soubera que alguns quando chegavam a ser julgados já haviam cumprido muito mais que a pena, calúnia!). Foi quando de uma brincadeira com um colega, um senhor aparentemente espirituoso [de porco], levei uma porrada que me quebrou dois dentes. Levamos ambos um balão. Eu aproveitei o meu e, como estava mais leve de dois mastigantes, saí voado dali! Providencialmente aparecera na mesma ápoca um estágio na CST, onde cheguei a fichar, mas pelas incompatibilidades liderológicas, saí ao fim de três anos. De lá para cá passei pela Universidade e simultaneamente por alguns projetos sociais, porém talvez nunca tenha esquecido tal contrariedade, a de nunca ter salvado o mundo. Recentemente, desgostoso de trabalhar em faculdades e sempre sem a devida disciplina para os concursos da vida, optei, como Designação Temporária da SEDU, para trabalhar no sistema prisional: Complexo Penitenciário de Xuri, como professor de "Português Motivacional". Obviamente que, apesar do pouco tempo, já fui mais do questionado sobre os riscos presentes nisso... Claro que me defendi alegando os perigos externos, “já que lá eles já estão presos!” “É, mas você também!!!" ... ... ... persistencialismo Existe.

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